top of page

O impacto do adiamento das Olimpíadas no Japão e no mundo

  • Jornaleiros Sem Fronteiras
  • 9 de jun. de 2020
  • 7 min de leitura

Imagem: Pixabay.

O símbolo que representa as Olímpiadas



A atividade esportiva ao redor do mundo move um dos maiores setores da área de entretenimento mundial. Bilhões de dólares são investidos em estádios, equipamentos e clubes, além dos melhores atletas serem provavelmente um dos grupos mais privilegiados do mundo. O ano de 2020 fazia parte de um dos quartetos anuais mais importantes da história graças aos jogos olímpicos, porém com a presença COVID-19 o tradicional evento esportivo foi adiado para 2021. É a primeira vez que as Olimpíadas não acontecerão na data prevista por conta de uma pandemia. É importante destacar que o Japão gastou, ao todo, R$79,5 bilhões em investimentos na infraestrutura do país, ingressos e patrocinadores para os jogos olímpicos.


O impacto que o adiamento tem na economia do Japão é direto e preocupante. O economista Sandro Renato Maskio afirma que o país sofrerá um retardamento no efeito esperado pelo investimento em torno das Olimpíadas. “Para o governo, haverá de manter os espaços dos jogos por mais um ano, o que ampliará o custo de manutenção. Ao setor privado, rede de hotéis, restaurantes, e todos demais investimentos realizados, estes irão amargar uma queda na taxa de retorno esperado com os investimentos”, comenta Maskio.


O problema financeiro já está tomando forma no comércio japonês. Júlio Gardi, operador de máquinas e morador do Japão há 24 anos, comenta que os vendedores estão bem insatisfeitos com o cenário de pandemia atual. “Quem trabalha com comércio não gostou do adiamento. A fabricação de produtos já estava reservada há três anos e ninguém sabe se o Governo vai ajudar financeiramente ou não”, comenta o brasileiro. Gardi mora na cidade de Suzuka, local onde ocorre o Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, e relata que os únicos dois casos de coronavírus na região foram de pessoas que vieram de Tóquio. A província não tem testes positivos de COVID-19 há três semanas e as pessoas estão retornando às atividades normais gradualmente.


Ao longo da história, os anos olímpicos nunca foram prejudicados por conta de uma doença que forçasse um estado de quarentena como o atual. A Primeira e a Segunda Guerra Mundial cessaram diversas atividades nos países envolvidos nos conflitos, isso porque as nações investiam a maior parte do seu capital na produção de armamento bélico para a guerra. As edições de 1916, 1940 e 1944 foram canceladas por conta desses eventos. Matheus Fernandes de Miranda, historiador e documentalista, diz que além do coronavírus, a Segunda Guerra Mundial também deixou muitos mortos. “Além da atual pandemia do coronavírus, também ao longo da história tiveram vários outros eventos onde ocorreram a morte de milhões de pessoas. Um desses é a Segunda Guerra Mundial, onde ocorreu a morte mais ou menos de 40 a 72 milhões de pessoas onde as pessoas morreram de arma de fogo, gás mostarda e campos de concentração, no caso, os campos de concentração na Alemanha nazista”, relata o historiador. Miranda também afirma que a situação de isolamento social já era algo que aconteceu no período da gripe espanhola no início do século 20. “Estabelecendo um diálogo com o presente, nós podemos afirmar que no período da gripe espanhola as recomendações eram mais ou menos as mesmas de hoje, que é evitar aglomerações entre as pessoas. Dá para notar isso em diversos documentos de época”.


Imagem: Google

Design da tocha olímpica que será utilizada em Tóquio



Além do balanço econômico, os atletas também são diretamente afetados pelo adiamento das Olimpíadas. Os competidores devotam anos de treinamento para os jogos olímpicos e acabam não podendo colocar em atividade o esforço dedicado. Não podendo ir para os centros de treinamentos especializados, os atletas devem realizar as atividades em casa. Guilherme Borges, jogador de handebol da equipe de Taubaté, diz que é difícil manter peso durante pandemia. “Se manter em forma durante a pandemia é algo difícil, até porque para controlar o peso não é algo fácil, treinar em casa não é algo legal, você está meio que na inércia, com preguiça, você não quer se exercitar”. Segundo ele, no começo é difícil, mas com o tempo o corpo se acostuma com a rotina. “Essa é a primeira parte e uma das mais difíceis. Você precisa colocar uma rotina no seu metabolismo, seu corpo, que você entenda que em algum momento do dia você vai ter que fazer uma quantidade de exercício dentro de casa”, relata o jogador.


Outro caso de preocupação é justamente o retorno dos esportes. Futebol, basquete e Fórmula 1 são modalidades que possuem milhares de pessoas em seus respectivos eventos. Borges acredita que pautas sobre novas medidas de segurança serão estabelecidas no retorno das atividades esportivas. “O mundo vai ser bem diferente após a pandemia. No meu caso, como o handebol é um esporte com um público e visibilidade geralmente menor, os critérios de cuidados vão ser estabelecidos pelas confederações e os próprios árbitros”, afirma o atleta. O retorno dos esportes é um assunto debatido constantemente, com algumas temporadas já sendo canceladas até o fim do ano em alguns países.


Situação de outros esportes durante a pandemia


NBA


O basquete americano suspendeu sua temporada oficialmente no dia 11 de março, mas já está com propostas de retorno às atividades convencionais seguindo as recomendações de isolamento. No final de abril, a NBA chegou a autorizar um decreto que permitia os times de usarem seus centros de treinamento para sessões individuais de jogadores. O problema é que não são todos os estados americanos que diminuíram a rigidez da quarentena, o que acaba prejudicando alguns times que não podem usufruir dos campos. Está sendo debatido se a temporada terá retorno no fim do ano ou se será encerrada oficialmente. Jogadores como LeBron James (Los Angeles Lakers), Stephen Curry (Golden State Warriors) e Kevin Durant (Brooklyn Nets) já demonstraram apoiar o retorno dos jogos seguindo as exigências do distanciamento social. Vale lembrar que todos os jogos da NBA acontecem nos Estados Unidos com exceção das partidas que ocorrem na casa do Toronto Raptors, no Canadá.


Fórmula 1


O maior campeonato automobilístico do mundo tem provavelmente a situação mais delicada dos esportes, isso porque as corridas ocorrem em países diferentes a cada semana de competição. A primeira corrida da temporada era na Austrália, mas foi cancelada poucos dias antes de acontecer por conta da proliferação do COVID-19. Outros três Grandes Prêmios foram canceladas e sete foram adiados sem previsão de quando irão ocorrer. A primeira corrida tem data prevista para acontecer no dia 5 de julho, na Áustria, porém também está sujeita a adiamento. Em 2021, a F1 iria implantar um modelo de carro completamente novo para as corridas, mas já foi anunciado pela FIA que será adiado para 2022 e ano que vem será utilizado um modelo semelhante ao atual. A competição automobilística é umas das únicas (se não a única) dos esportes no ano que nem sequer chegou a começar.


Futebol Internacional


Entre as principais competições de futebol internacional, tivemos o adiamento da Eurocopa e Copa das Confederações para o ano de 2021. Países como Holanda e França decretaram o encerramento de seus campeonatos nacionais de futebol, Eredivisie e Ligue 1 respectivamente, com a tabela da maneira que estava. Na Alemanha, a Bundesliga voltará a ser disputado dia 16 de maio com transmissão dos canais ESPN, mas de acordo com a federação responsável pela liga novas medidas serão tomadas para uma volta segura, como, jogos sem torcida nesse primeiro momento e sem os comprimentos entre os jogadores antes das partidas. Na Inglaterra, a Premier League foi autorizada pelo Governo do Reino Unido a voltar a partir do dia 1 de junho, mas a federação responsável pela liga ainda não se manifestou a respeito. Na Espanha, a LaLiga está prevista para voltar a ser disputada dia 12 de junho, devido a isso os times voltaram a treinar no começo do mês de maio. Em Portugal, a Liga NOS recebeu a autorização do Governo Português para voltar a ser disputada e a federação responsável pela liga definiu que no dia 4 de junho o campeonato será retomado, mas sem torcida nos estádios. Na Itália, os responsáveis pela Serie A Tim sugeriu em nota oficial o retorno do campeonato no dia 13 de junho, mas ainda aguardam a resposta do governo para oficializar a data. A UEFA Champions League, assim como a Europa League seguem sem data de retorno, ambas estão na fase de oitavas de final.


Atual momento em alguns Países


Alemanha


O campeonato alemão voltou a ser disputado, mas os jogos acontecem sem torcida e com os jogadores não se cumprimentando antes, durante e depois do jogo.


Argentina


No dia 27 de abril a Associação de Futebol da Argentina, decretou o encerramento da temporada. Apesar do campeonato argentino ter acabado em março (a liga se baseia no calendário Europeu), essa decisão afetou outras competições que começam após o término da liga, são elas a Copa da Superliga, disputada entre março e maio, e a Copa Argentina, que é disputada durante o ano.


Brasil


Com o crescimento no número de casos, ainda não há uma previsão para volta dos campeonatos estaduais e da Copa do Brasil que estavam em progresso e o começo do Brasileirão. A Confederação Brasileira de Vôlei cancelou a Superliga Feminina e Masculina de Vôlei sem nomear um campeão.


Espanha


Os times voltaram aos treinamentos e a previsão é de que a liga espanhola volte a ser disputada a partir do dia 12 de junho.


Estados Unidos


Os principais esportes do país, como basquete, hóquei e futebol americano ainda não cancelaram suas temporadas por completo, apenas estão suspendendo. Alguns estados como o da Califórnia e Flórida já estão retornando os treinamentos dos atletas com limitações.


França


O campeonato francês de futebol foi encerrado com a tabela da maneira que estava, com PSG líder, além de times classificados para Championss League e Europa League e times rebaixados.

Outra competição afetada foi o torneio de Roland Garros que foi adiada para setembro em anúncio da Federação Francesa de Tênis.


Holanda


O campeonato também foi encerrado com a tabela da maneira que estava. Tendo o Ajax líder, mas sem times sendo rebaixados ou subindo de ligas inferiores.


Inglaterra


O Governo do Reino Unido permitiu a volta do campeonato inglês a partir de 1 de junho, mas a federação responsável pela Premier League ainda fará uma reunião para decidir o que será feito.

O torneio de Wimbledon (campeonato de tênis), que iria acontecer em julho foi cancelado, portando voltará a ser disputado apenas em 2021.


Itália


Os responsáveis pelo campeonato italiano após apresentarem em uma nota o desejo de retornar com a liga dia 13 de junho, continuam esperando uma resposta do governo para voltar.


Portugal


O governo de Portugal permitiu a volta do campeonato português, e a volta está prevista para 4 de junho, mas os jogos aconteceram sem a presença da torcida.



Produção: Bruno Zanchetta, Giovane Rodrigues, Matheus Freitas,

Matheus Mendonça, Matheus Silva, Pedro Franza.

Comments


bottom of page