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'Mudanças climáticas são algo mais político do que ambiental', diz especialista

Atualizado: 12 de jun. de 2021

Brasileiras que moram fora do país contam como os governos do Japão e da Alemanha enxergam o tema; países possuem políticas rígidas contra o aquecimento global


Por: Cindy Lima, Daniela Ferreira, Giovanni Rodrigues e João Vitor de Oliveira


Mudanças climáticas, como o próprio nome já sugere, refere-se às diversas alterações no clima que estão ocorrendo em todo o planeta e afetam de forma sistemática, seres humanos e outros organismos do globo terrestre. Conhecido popularmente como aquecimento global, o termo aborda uma intensificação do efeito estufa, um fenômeno natural e de extrema importância para a terra, pois permite que o planeta se mantenha aquecido. Apesar de cidadãos e governos de todo o mundo se manifestarem contra as alterações no clima, alguns estudiosos do assunto classificam essa luta como insuficiente, atrasada e tímida.


O professor Jônatas Januário da Silva, Mestre em Geografia pela PUC-SP e Especialista em Gestão do Meio Ambiente, afirma que o aquecimento global se tornou um problema mais político do que ambiental. “A gente percebe que os problemas ambientais normalmente são políticos. Temos como exemplo o desmatamento forte que nós temos no Brasil, onde o presidente perdoou diversas multas que existiam por conta do desflorestamento, como forma de ajudar na eleição; o problema ambiental está na política que fazem hoje."


No início de 2021, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, organizou a Cúpula de Líderes sobre o Clima. A iniciativa foi uma promessa do mandatário americano, que durante a sua disputa eleitoral, se comprometeu a reunir alguns dos principais líderes mundiais para discutir ações de enfrentamento à crise global das mudanças climáticas. A cúpula teve o papel estratégico de estimular a criação de planos por parte das maiores economias para reduzir a emissão de poluentes até o ano de 2030.


Segundo o professor, as grandes potências mundiais “lutam da maneira errada”, já que apesar de haver uma discussão global sobre o tema, o âmbito local é completamente ignorado. “Se discute muito os problemas em esfera internacional, mas os problemas em si de fato, como fazer atividades e projetos locais que diminuam o aquecimento global, praticamente não existem."


A brasileira Bianca Hiromi mora na cidade de Hekinan, localizada na província de Aichi, no Japão. Ela conta que a população japonesa se preocupa bastante com o tema e cita que o clima no país é extremo, tendo que enfrentar temperaturas exageradamente altas ou baixas dependendo da época do ano. Bianca também explica como o governo local pretende combater os efeitos causados pelas mudanças climáticas: “No Japão existe uma população muito grande e é um dos países que mais geram dióxido de carbono na atmosfera. Por essa razão, o governo local está com um projeto de até 2050, zerar as emissões líquidas dos gases do efeito estufa, ajudando o planeta e diminuindo os efeitos causados pelo aquecimento global."


“Somos muito dependentes do carvão industrial, então a meta desse projeto é diminuir essa dependência e o uso do carvão para utilizar energias renováveis”, complementa ela.

Bianca já está no Japão há dois anos. Foto: Bianca Hiromi/Arquivo Pessoal

Em 2021, a floração de cerejeiras mais precoce em 1,2 mil anos ocorreu no país, com as flores atingindo seu auge em 22 de março em Tóquio e 26 em Kyoto, as datas mais precoces de que se tem registro. Cientistas afirmaram que as florações variam de acordo com as condições climáticas de cada ano, mas que o evento de fato está ocorrendo cada vez mais cedo devido ao aquecimento global.


Já na Alemanha, um dos países pioneiros no combate às mudanças climáticas, a situação não é muito diferente. Bruna Infanti é brasileira e mora na cidade de Düsseldorf, na parte oeste do país. Ela relata que os governos locais discutem bastante sobre o problema, realizam pesquisas e incentivam a população a ajudar.


Bruna ressalta que os alemães não enxergam o aquecimento global com normalidade e fazem o que podem para amenizar as consequências. “Aqui na Alemanha existe muito o consumo de artigos biodegradáveis e orgânicos, ou seja, todo material plástico é reciclado e reutilizado. Além de haver muito mais ofertas de carros que não utilizam combustíveis e são elétricos, inclusive os ônibus das cidades."

Bruna trabalha como assistente comercial no país. Foto: Bruna Infanti/Arquivo Pessoal

Apesar disso, em abril de 2021, a Corte Constitucional Federal da Alemanha ordenou ao governo da Chanceler alemã, Angela Merkel, a atualizar suas metas climáticas até o final do ano que vem, com objetivos mais ambiciosos e que incluam o compromisso com a redução das emissões de carbono a quase zero até 2050. Segunda a decisão, uma lei aprovada em 2019 estabelecendo ações ambientais não é suficiente para fazer frente aos desafios climáticos.


O tempo está se esgotando?


Os mais céticos sobre o assunto defendem que há uma pequena alteração no clima, porém, considerada normal. Em linha inversa, esses especialistas não acreditam no efeito estufa e sustentam que pode acontecer, daqui a milhões de anos, um resfriamento global.


O geógrafo Jônatas da Silva não acredita que seja possível alterar o clima da Terra em nível global. “O homem pode provocar mudanças no clima, mas em nível local. Temos como exemplo as grandes cidades, onde as alterações ocorrem no microclima, ou como também é conhecido, mesoclima."


“Nós estamos próximos de uma estabilidade das temperaturas e temos outras grandes prioridades para se discutir e trabalhar, de maneira oposta ao que alguns discutem como sendo a grande farsa do aquecimento global”, apontou.

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